O bem viver

Viver em plenitude é a resposta que o direito desde as constituições promulgadas sob a perspectiva do novo constitucionalismo democrático latino-americano tem adotado.

As novas constituições do Sul, especialmente Equador e Bolívia, pautaram a vida da sociedade sob o “paradigma ancestral comunitário”, baseado na “cultura da vida” que ensina a viver em harmonia e equilíbrio com o entorno, por eles nominada como o vivir bien ou buen vivir traduzido na língua originária da Nação Quechua como “sumak kawsay” ou “teko porã” para a nossa Nação Guarani. 

Os povos andinos ressaltam que a identidade de um povo está, sobretudo, no relacionamento identificado com seu território e a harmonia com a Terra. Não é à toa que as atividades de colonização incluíam a expropriação das terras dos povos originários. É no resgate da identidade que a vida em plenitude do indivíduo se inicia e, assim, a identificação com o território passa a ter fundamental importância.

Por constituir-se desta identidade à partir da Terra e do território, mesmo ao ser humano já totalmente desconectado de suas origens, a proximidade com a terra em seu sentido material e por desdobramento, ao sentido telúrico, é um caminho, a partir de um olhar multiversado, para o (re)estabelecimento da vida em plenitude. De uma parte o ser humano re(estabelece) o relacionar-se consigo mesmo ao readquirir consciência de si e de sua real natureza e, de outra parte, pela proximidade, (re)inaugura o relacionar-se com o todo, com a Terra – a mãe e a casa comum, da com(um)nidade Planetária.

(OLIVEIRA, 2022)

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